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relato [2]

Era uma festa de faculdade, nada mais normal que cerveja, música alta e gente, muito de tudo isso.
Não tinha a menor vontade de sair aquele dia, foi só porque as amigas insistiram muito. Não estava no clima.
Bebeu um pouco e até se animou mais.

Já tinham se visto em festas no campus, mas nunca haviam conversado. Aquele dia foi diferente.
Ele parecia já ter bebido tudo que a festa oferecia.
Não era feio, muito menos burro, era, enfim, interessante.
Conversaram, se beijaram e antes que as coisas partissem para outro nível, fez questão de cortá-lo, não era dessas que ia pra cama logo de cara.
Ele não se convenceu disso.

Conhecia a República onde rolava a festa, bem como os moradores dela. Conseguiu facilmente a chave de um dos quartos.
Chamou-a com o pretexto da privacidade. E ela acreditou.

Não houve conversa alguma.
Empurrou-a na cama, a bateu e usou de toda sua força masculina.
Deveria ter ouvido sua intuição e ficado em casa, foi o primeiro pensamento que passou na cabeça dela.

Ela sentia dor, implorava para que parasse. Não parou, parecia uma animal. não parecia, o era.
Passou então a torcer para que a tortura acabasse logo.
Acabou.
O animal saciado virou as costas e foi embora. Voltou para a festa com ares de homem maioral, provavelmente a procura de outra presa, outra fêmea.

Ela saiu à francesa, nem avisou as amigas (que no dia seguinte julgaram que a noite dela tinha sido ótima. Quem dera...).

Não foi à polícia.
não por medo, mas por nem ter mais forças para isso.
Sua única providência foi passar em uma farmácia e comprar a pílula-do-dia-seguinte, porque o idiota nem lembrou da existência de preservativos.
Não teve nem mais forças para chorar. Teve forças apenas para reagir (como se isso fosse pouco).

Nunca mais o viu, e agradeceu aos céus por aquela mínima sorte.
Também nunca contou para absolutamente ninguém sobre o episódio triste da sua vida.
Detestava ter a pena das pessoas.

Nunca superou o fato, mas sobreviveu.

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